Uma vasta operação policial, denominada Spare, desmantelou um complexo esquema de lavagem de dinheiro que utilizava postos de combustíveis, motéis e uma fintech para ocultar a origem ilícita de bilhões de reais. A ação, que envolveu a Polícia Militar, o Ministério Público e a Secretaria da Fazenda de São Paulo, cumpriu 25 mandados de busca e apreensão na capital paulista, cidades da Grande São Paulo, Baixada Santista e Vale do Paraíba.
A investigação revelou que 267 postos de combustíveis serviam como fachada para a lavagem de dinheiro proveniente de atividades criminosas. Além dos postos, a organização criminosa utilizava uma rede de motéis e uma fintech, responsável por movimentar os valores ilícitos e dificultar o rastreamento da origem do dinheiro.
Dados da investigação apontam para autos de infração que ultrapassam R$ 7 bilhões e débitos inscritos em dívida ativa com o Estado superiores a R$ 500 milhões. A Receita Federal detectou uma movimentação atípica em postos de combustíveis, com mais de R$ 4,5 bilhões transacionados entre 2020 e 2024, dos quais apenas R$ 4,5 milhões foram recolhidos em impostos – uma porcentagem de aproximadamente 0,1%, considerada muito abaixo da média do setor.
A ligação entre os postos de combustíveis e atividades ilícitas se estende a outros setores. Máquinas de cartão apreendidas em casas de jogos clandestinas estavam vinculadas a estabelecimentos de combustíveis, indicando uma rede complexa de operações financeiras. Um único prestador de serviço controlava cerca de 400 postos, com 200 deles diretamente ligados ao principal alvo da operação e seus associados. A investigação também revelou a atuação do grupo em lojas de franquias e negócios na construção civil.
Os alvos da operação têm ligação com o grupo criminoso investigado na Operação Carbono Oculto, realizada em agosto, que desarticulou um esquema similar em postos de combustível, com indícios de participação de membros do Primeiro Comando da Capital (PCC). O nome da operação, Spare, faz alusão à jogada do boliche, simbolizando a Operação Carbono Oculto como o primeiro arremesso e as buscas e apreensões atuais como o segundo.

