O dia de Cosme e Damião se tornou uma explosão de alegria e doçura nas ruas do Andaraí, no Rio de Janeiro, com dezenas de crianças correndo atrás de saquinhos de doces distribuídos por moradores e comerciantes locais. A cena, marcada por sorrisos e a disputa amigável pelas guloseimas, refletiu a forte tradição da data na cidade.
O comerciante José Henrique Nunes, visivelmente emocionado, compartilhou que a distribuição de doces é uma promessa paga. Ele explicou que seu filho Samuel, hoje com 2 anos, sobreviveu a uma meningite quando tinha apenas 20 dias de vida. Em agradecimento, Nunes se comprometeu a celebrar a data por sete anos, distribuindo doces e assistindo a missas com o filho.
A aposentada Tânia Ponciano, de 65 anos, também contribuiu para a festa, distribuindo doces e brinquedos, incluindo maçãs cobertas de chocolate feitas por ela mesma. Devota dos santos e seguindo a tradição familiar ligada à umbanda, Tânia expressou seu amor e devoção através da distribuição.
O dia de Cosme e Damião, celebrado em 27 de setembro, tem raízes cristãs e africanas. Na tradição afro-brasileira, a data é associada aos Ibejis, orixás gêmeos que representam a infância, a inocência e a alegria de viver. Durante o período da escravidão, os africanos escravizados sincretizaram seus deuses com santos católicos para manter suas crenças, associando os Ibejis a Cosme e Damião.
O padre Walter Almeida Peixoto, da paróquia de São Cosme e São Damião, explicou que, no catolicismo, os santos são representados como homens adultos, enquanto nas religiões de matriz africana são identificados como crianças. Ele vê a data como uma oportunidade de evangelização, mesmo com as diferentes interpretações religiosas.
A celebração se estende com o Encontro de Povos de Terreiro, que começou e segue até o início de outubro, com programação que inclui distribuição de doces, recreação infantil e contação de histórias.
Fonte: agenciabrasil.ebc.com.br


