Especialistas, trabalhadores e representantes do setor produtivo consideram um avanço a recente aprovação, pela Câmara dos Deputados, do projeto de lei que isenta do Imposto de Renda (IR) trabalhadores com renda de até R$ 5 mil, além de reduzir a alíquota para aqueles que ganham até R$ 7.350.
O Projeto de Lei (PL) 1087/25, aprovado por unanimidade, segue agora para o Senado. Caso o processo seja concluído ainda este ano, com aprovação no Senado e sanção presidencial, a medida poderá entrar em vigor já em janeiro de 2026.
O economista Pedro Rossi, da Unicamp, classifica a aprovação como histórica e demonstra que a temática tributária mobiliza a sociedade, abrindo espaço para novas propostas. Sérgio Nobre, presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), celebra a medida como uma grande vitória para a classe trabalhadora.
Luiz Gonzaga de Mello Belluzzo, também da Unicamp, ressalta que os sistemas tributários, além da arrecadação, exercem um papel fundamental na distribuição de renda. Ele acredita que a isenção impulsionará o crescimento econômico, aumentando o consumo e expandindo os investimentos, o que poderá mitigar possíveis efeitos inflacionários.
Pedro Humberto de Carvalho, pesquisador do Ipea, estima que a classe média baixa poderá ter um alívio mensal entre R$ 350 e R$ 550, que poderá ser destinado a alimentação e serviços, beneficiando a economia. Segundo cálculos, quem ganha R$ 5 mil, por exemplo, terá um alívio mensal de R$ 312,89.
O PL institui uma cobrança adicional para quem tem rendimento tributável acima de R$ 600 mil ao ano, buscando compensar a renúncia fiscal. Atualmente, a tabela do IR isenta apenas quem ganha até R$ 3.036. A expectativa é que a isenção e redução beneficiem diretamente 15,5 milhões de pessoas.
Para Gilberto Braga, professor do Ibmec, a medida reflete na melhoria do poder de compra e na redução do endividamento das famílias, injetando recursos na economia. Sérgio Nobre, da CUT, compara o benefício a um 14º salário, que poderá ser revertido em mais consumo, produção e emprego.
Entretanto, Nobre lamenta a não inclusão da isenção sobre a participação de lucros e resultados (PLR), considerando-a uma nova luta. Pedro Rossi, da Unicamp, considera a taxação dos mais ricos ainda tímida e defende novas alíquotas para faixas de renda mais altas.
Fabio Bentes, economista-chefe da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), considera a ampliação da isenção do IR positiva e socialmente justa, mas expressa preocupação em relação ao financiamento da medida. Mário Sérgio Telles, diretor de Economia da Confederação Nacional da Indústria (CNI), assinala que o setor industrial apoia a isenção, que corrige anos de defasagem.
Fonte: agenciabrasil.ebc.com.br


