O número de pessoas sofrendo de alergias alimentares tem aumentado significativamente nas últimas décadas, afetando tanto crianças quanto adultos que antes toleravam certos alimentos sem problemas. A explicação para esse fenômeno complexo transcende a simples predisposição genética, abrangendo o estilo de vida moderno, as mudanças climáticas e a crescente exposição a aditivos químicos. A comunidade médica observa este cenário como multifacetado, representando um alerta crucial para a reavaliação da nossa relação com a alimentação.
Fatores epigenéticos, ou seja, alterações na expressão dos genes induzidas por elementos externos, desempenham um papel importante no aumento das alergias alimentares, mesmo em indivíduos sem histórico familiar. A poluição atmosférica, o aquecimento global e o contato contínuo com conservantes, corantes e agrotóxicos impactam negativamente a microbiota intestinal e o equilíbrio do sistema imunológico.
Este desequilíbrio, agravado pela diminuição do consumo de alimentos naturais e pela crescente dependência de produtos ultraprocessados, compromete a tolerância imunológica a proteínas simples. Consequentemente, ocorrem reações de defesa exageradas a alimentos comuns, como leite, ovo, trigo, soja e amendoim, que figuram entre os principais desencadeadores de alergias na atualidade.
A crescente industrialização dos alimentos, o uso de conservantes e o consumo de produtos prontos transformaram a alimentação em um processo cada vez mais distante da natureza, alterando tanto o valor nutricional quanto a forma como o organismo reconhece os alimentos. Estudos indicam que a exposição contínua a substâncias químicas e à poluição pode modificar a microbiota intestinal, aumentando a permeabilidade do intestino e facilitando a entrada de proteínas que desencadeiam respostas alérgicas.
Essa superexposição também afeta as gerações futuras. Gestantes e crianças pequenas expostas a um ambiente rico em alimentos processados apresentam maior probabilidade de desenvolver sensibilidades alimentares. Esse ciclo, embora silencioso, está em expansão, refletindo diretamente nossos hábitos de vida e alimentares.
Para diferenciar alergias verdadeiras de intolerâncias ou sensibilidades alimentares, um diagnóstico preciso é fundamental. Um alergista/imunologista pode solicitar testes específicos e propor um plano de tratamento personalizado. Evitar restrições alimentares desnecessárias e identificar precisamente o alimento causador são medidas cruciais para prevenir deficiências nutricionais e assegurar a segurança alimentar.
A prevenção, no entanto, reside em um conceito simples e cada vez mais urgente: um retorno às origens. Priorizar a ingestão de alimentos frescos, naturais e minimamente processados é uma das estratégias mais eficazes para proteger o organismo, preservar a microbiota e restaurar a tolerância natural aos alimentos. Quanto mais nos afastamos do que é natural, mais vulneráveis nos tornamos às reações provocadas pelo ambiente.
Em um mundo em rápida transformação e cada vez mais artificial, resgatar a simplicidade à mesa pode ser o gesto mais inovador. Afinal, fortalecer o sistema imunológico começa no prato.
Fonte: bandnewstv.uol.com.br
				

								
