Moradores do Rio de Janeiro enfrentaram cenas de terror nesta terça-feira, durante uma operação policial nos Complexos da Penha e do Alemão. A ação, que resultou em mais de 60 mortes e 80 prisões, deixou milhares de pessoas ilhadas e amedrontadas, com dificuldades para retornar às suas casas devido aos bloqueios nas principais vias da cidade e à intensa troca de tiros.
As estações de metrô e os pontos de ônibus ficaram superlotados. Segundo informações, facções criminosas ordenaram o fechamento das vias, aumentando o caos.
Uma professora, identificada como Marise Flor, relatou ter ficado no meio de um tiroteio ao tentar voltar para casa de ônibus. Seu filho tentou resgatá-la de carro, mas foi impedido pelas barricadas. Ela teve que descer na estação Outeiro Santo, em Jacarepaguá, e, diante da chegada da polícia e dos disparos, buscou refúgio dentro da estação. “Entrei na estação de volta por baixo da roleta para me esconder dos tiros”, afirmou. Após a confusão, conseguiu pegar um carro de aplicativo e finalmente chegar em casa, relatando crise de choro devido ao pânico vivenciado.
Em Engenho Novo, Mariana Colbert, atendente de um quiosque de sorvete, grávida de 4 meses, encontrou as ruas bloqueadas logo pela manhã. Três ônibus foram usados para impedir a passagem. Ela precisou caminhar até Inhaúma para conseguir pegar um ônibus para o trabalho. O motorista precisou alterar a rota para evitar áreas dominadas pela facção alvo da operação. “Levei uma hora para chegar ao trabalho, mas ainda consegui chegar. Muita gente não foi trabalhar, muitas lojas ficaram fechadas,” relatou Mariana, que foi liberada do trabalho à tarde e conseguiu voltar para casa de Uber.
A operação policial, descrita como a maior em 15 anos, mobilizou 2,5 mil policiais civis e militares. O objetivo declarado é capturar líderes criminosos e conter a expansão territorial de facções. No entanto, a ação se tornou a mais letal, superando o número de mortos da operação no Jacarezinho em 2021.
Fonte: agenciabrasil.ebc.com.br
