Um estudo recente revelou que a maioria das pessoas envolvidas com o tráfico de drogas no Brasil não concluiu o ensino médio. A pesquisa, que ouviu quase 4 mil pessoas em favelas de 23 estados, indica que apenas 22% dos entrevistados chegaram a completar essa etapa da educação básica, enquanto mais da metade não passou do ensino fundamental.
A pesquisa Raio-X da Vida Real, conduzida pelo Instituto Data Favela e pela Central Única das Favelas (Cufa), entrevistou 3.954 indivíduos entre agosto e setembro de 2025, diretamente nos locais onde o crime ocorre. Os dados sobre escolaridade mostram um quadro preocupante: 35% dos entrevistados não concluíram o ensino fundamental, e 7% sequer tiveram acesso à educação formal.
Quando questionados sobre o que fariam diferente em suas vidas, 41% dos participantes afirmaram que teriam estudado ou se formado. Esse dado reforça a importância da educação como um fator de mudança para aqueles que estão envolvidos com o tráfico.
Entre os entrevistados, o curso superior de maior interesse era Direito, com 18% das preferências. Administração (13%), Medicina/Enfermagem (11%) e Engenharia/Arquitetura (11%) também foram citados.
A pesquisa aponta que a falta de acesso à educação e a oportunidades de trabalho de qualidade são fatores que contribuem para que a maioria dessas pessoas não consiga obter uma renda superior a dois salários mínimos.
O estudo também investigou os arranjos familiares dos entrevistados, revelando que 35% foram criados em famílias tradicionais e 38% em famílias monoparentais, lideradas majoritariamente por mães. As figuras femininas, como mães, tias e avós, foram apontadas como as mais importantes na vida dos participantes.
O sonho de consumo mais citado pelos entrevistados foi a casa própria (28%), seguida pela compra de uma casa para a família (25%). Esse desejo demonstra a preocupação com a segurança patrimonial familiar.
A pesquisa também revelou altos índices de problemas de saúde mental entre os entrevistados, como insônia (39%), ansiedade (33%) e depressão (19%). A ansiedade, em particular, parece estar relacionada à baixa renda e à escolaridade incompleta.
A pesquisa conclui que a entrada no crime é frequentemente motivada pela ausência de políticas públicas e pelas desigualdades sociais. Apesar do envolvimento com o tráfico, 68% dos entrevistados afirmaram não sentir orgulho do que fazem, demonstrando a consciência de que exercem uma atividade ilegal.
Ao apontarem os principais problemas do Brasil, os entrevistados destacaram a pobreza e as desigualdades (42%), seguidas pela corrupção (33%). A violência e a falta de acesso à educação e à saúde também foram mencionadas.
Fonte: agenciabrasil.ebc.com.br


