Uma imponente mulher negra inflável, com 14 metros de altura e ostentando uma faixa presidencial com os dizeres “Mulheres Negras Decidem”, marcou o início da 2ª Marcha Nacional das Mulheres Negras por Reparação e Bem-Viver. Caravanas de todo o país convergiram para a Esplanada dos Ministérios, em Brasília, onde cerca de 500 mil pessoas ocuparam o gramado central.
Cláudia Vieira, representante do Comitê Nacional da Marcha, enfatizou a importância do evento para o país, o mundo e o Estado brasileiro, destacando a necessidade urgente de atenção à população negra. “Temos pressa, temos urgência!”, declarou.
A ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, acompanhada pelas deputadas Talíria Petrone e Benedita da Silva, marcou presença, simbolizando uma ponte entre o movimento e o governo. Franco reafirmou o compromisso de avançar na luta por reparação e bem-viver, em memória de sua irmã, Marielle Franco, e de todas as que vieram antes.
O Instituto Marielle Franco também esteve presente, com sua diretora executiva, Luyara Franco, enfatizando que não há democracia sem mulheres negras. Marinete Silva, mãe de Anielle e Marielle e cofundadora do instituto, reforçou que o segmento não aceita mais ser silenciado.
Um doloroso lembrete da violência contra a população negra foi exposto em um tapete com fotos de vítimas de favelas do Rio de Janeiro. Daniela Augusto, do Movimento Mães de Maio, denunciou o Estado brasileiro como o primeiro violador dos jovens negros, clamando pelo fim da execução de seus filhos.
A marcha também ecoou o desejo por representatividade, com participantes defendendo a indicação de uma mulher negra para a vaga no Supremo Tribunal Federal (STF). A deputada Erika Kokay, presente na primeira edição da marcha em 2015, ressaltou a importância de políticas públicas e da ocupação de espaços de poder pelas mulheres negras.
Maria Edna Bezerra da Silva, professora da Universidade Federal de Alagoas, reivindicou o aumento da presença de docentes negros nas universidades. Homens que apoiam a causa também marcaram presença, reconhecendo a igualdade de gênero como responsabilidade de toda a sociedade.
Mulheres quilombolas defenderam o reconhecimento e a valorização de suas comunidades como guardiãs de território e da biodiversidade. Aparecida Mendes, do quilombo Conceição das Crioulas, destacou a contribuição de sua comunidade para a preservação cultural, conservação ambiental e segurança alimentar, além da luta por direitos territoriais e contra o racismo estrutural.
O encerramento da 2ª Marcha Nacional das Mulheres Negras reafirmou a organização das mulheres afro-brasileiras, afro-latinas e afro-caribenhas, reforçando a luta por uma vida sem violência, pela igualdade plena de direitos e oportunidades, e por um futuro mais justo e democrático.
Fonte: agenciabrasil.ebc.com.br


