Estudo revela uma queda significativa no uso da internet por crianças e adolescentes nas escolas brasileiras. A pesquisa Tic Kids Online Brasil 2025, divulgada hoje em São Paulo, aponta que a proporção de jovens entre 9 e 17 anos que acessam a internet nas escolas diminuiu de 51% para 37% em um ano.
Luísa Adib, coordenadora da pesquisa, sugere que a lei que restringiu o uso de celulares nas escolas pode ser um fator contribuinte para essa redução. A coleta de dados ocorreu após a implementação da medida, indicando uma possível relação entre a restrição e a diminuição do acesso à internet no ambiente escolar.
Além da regulamentação do uso de celulares, o estudo aponta para um debate político mais amplo sobre a proteção de crianças e adolescentes no ambiente digital como um possível influenciador. Apesar de o Estatuto da Criança e do Adolescente Digital ainda não estar em vigor, já se observa uma queda no uso de redes sociais entre os mais jovens.
O estudo também constatou que o número de crianças e adolescentes com acesso à internet se manteve relativamente estável, com 92% da população entre 9 e 17 anos sendo usuária da rede. Isso representa aproximadamente 24,6 milhões de pessoas. No entanto, houve mudanças nas formas de uso, com uma queda no acesso à internet na escola e no uso de redes sociais para as faixas etárias mais novas, retornando a níveis pré-pandemia.
O celular continua sendo o principal dispositivo de acesso à internet, utilizado por 96% dos jovens, seguido pela televisão (74%), computador (30%) e videogame (16%). A maioria dos acessos (84%) ocorre em casa, várias vezes ao dia. Nas escolas, a frequência de acesso é menor, com 12% acessando várias vezes ao dia, 13% uma vez por semana e 9% uma vez ao mês.
As atividades mais comuns realizadas online incluem pesquisas escolares (81%), pesquisas sobre temas de interesse (70%), leitura ou vídeos com notícias (48%) e informações sobre saúde (31%).
O estudo também revela um aumento no número de crianças e adolescentes que nunca acessaram a internet, passando de 492.393 no ano anterior para 710.343 em 2025.
Outro dado relevante é que quase metade (46%) dos jovens acessam a internet para assistir a vídeos de influenciadores digitais, muitas vezes diariamente. A coordenadora do estudo alerta para a importância de os pais estarem atentos ao conteúdo acessado pelos filhos, especialmente em relação a influenciadores que divulgam produtos, jogos de apostas e outros conteúdos potencialmente danosos.
A pesquisa enfatiza que a mediação ativa, por meio do diálogo e do acompanhamento, é a forma mais eficaz de garantir um uso seguro e responsável da internet por crianças e adolescentes.
O estudo Tic Kids Online Brasil 2025 ouviu 2.370 crianças e adolescentes de todo o país, com idades entre 9 e 17 anos, e seus pais ou responsáveis.
Fonte: agenciabrasil.ebc.com.br
