Um aneurisma cerebral, semelhante a uma protuberância que se forma na parede de uma artéria cerebral, pode permanecer assintomático por anos até sua ruptura, desencadeando uma hemorragia severa. Contrariando a antiga percepção de um evento imprevisível, pesquisas recentes apontam para a influência combinada de fatores genéticos e estilo de vida no desenvolvimento dessa condição.
Um aspecto crucial é a predisposição familiar. Entre 10% e 20% dos pacientes com aneurisma relatam histórico familiar da doença, elevando significativamente o risco de recorrência. Estudos com gêmeos revelam que aproximadamente 40% do risco de aneurisma está ligado à herança genética, mesmo em casos isolados sem histórico familiar aparente. Além disso, algumas condições hereditárias específicas, como rins policísticos e certas doenças vasculares, aumentam a probabilidade de desenvolver aneurismas.
A ciência avança na identificação de regiões específicas do DNA associadas ao risco de aneurisma. Algumas dessas regiões regulam o funcionamento das células que revestem os vasos sanguíneos, enquanto outras controlam o equilíbrio da musculatura das paredes dos vasos. Uma pesquisa recente identificou três novos genes que podem prever não apenas a ocorrência de um aneurisma, mas também o risco de ruptura, abrindo caminho para estratégias de prevenção personalizadas.
O processo de formação do aneurisma envolve o enfraquecimento da parede do vaso sanguíneo, que perde fibras de sustentação e se torna mais vulnerável à pressão sanguínea. Células de defesa e reparo tentam corrigir o dano, mas, paradoxalmente, podem tornar a parede ainda mais frágil.
A predisposição genética não é um destino inevitável. Fatores de risco modificáveis, como o tabagismo e a hipertensão, desempenham um papel crucial no crescimento e ruptura do aneurisma. O consumo excessivo de álcool e o sexo feminino também são considerados fatores de risco. A boa notícia é que, ao contrário da genética, esses fatores podem ser controlados por meio da cessação do tabagismo, controle da pressão arterial e adoção de hábitos saudáveis.
Rastreamento preventivo não é recomendado para toda a população. No entanto, indivíduos com histórico familiar de dois ou mais casos da doença ou com certas condições hereditárias podem se beneficiar de exames como a angiorressonância, mediante orientação médica especializada.
A pesquisa mais recente destaca a interação complexa entre genética e ambiente no desenvolvimento de aneurismas cerebrais. A predisposição genética pode aumentar o risco, mas as escolhas de estilo de vida determinam se esse risco se concretiza. A expectativa é que novos testes genéticos aprimorem o diagnóstico e a prevenção personalizada. Até lá, a informação, a prevenção e as escolhas conscientes continuam sendo as melhores ferramentas.
Fonte: bandnewstv.uol.com.br


