O Brasil se destaca internacionalmente por seu programa de alimentação escolar, considerado um dos maiores e mais eficazes do mundo, segundo especialistas. Apesar de uma certa modéstia interna, o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) é reconhecido pelas Nações Unidas como um modelo a ser seguido.
O programa ganhou força a partir de 2009, com a implementação de uma lei que priorizou refeições completas e nutritivas nas escolas, em detrimento de alimentos processados e açucarados. Essa mudança representou um marco na abordagem da alimentação escolar no país.
Um exemplo prático do PNAE pode ser observado na Escola Johnson, em Fortaleza, onde são servidas três refeições diárias para mais de 400 alunos. O cardápio inclui pratos como baião de dois e creme de galinha, preparados com ingredientes frescos e nutritivos. A preocupação com restrições alimentares é constante, garantindo que todos os estudantes possam se alimentar de forma segura e saudável.
A elaboração dos cardápios é feita por nutricionistas, que levam em consideração as necessidades nutricionais dos alunos, a cultura local e a priorização de alimentos da agricultura familiar. A lei exige que no mínimo 30% dos alimentos sejam provenientes da agricultura familiar, impulsionando a economia local e garantindo a qualidade dos produtos.
Agricultores familiares como Marli Oliveira, do Ceará, relatam o impacto positivo do PNAE em suas vidas. A venda garantida de seus produtos para as escolas faz a diferença na renda familiar e contribui para o desenvolvimento da comunidade. Estudos apontam que cada R$ 1 investido no PNAE gera um crescimento de R$ 1,52 no PIB da agricultura familiar e R$ 1,66 na pecuária.
Em 2026, a participação da agricultura familiar no PNAE pode aumentar para 45%, ampliando ainda mais os benefícios para os pequenos produtores.
O Brasil sediou recentemente um evento internacional sobre alimentação escolar, reunindo representantes de diversos países. A ministra da Educação de São Tomé e Príncipe destacou a cooperação com o Brasil, mencionando a formação de nutricionistas e o apoio técnico recebido para a implementação de programas de alimentação escolar em seu país.
Atualmente, o PNAE atende 40 milhões de estudantes em todo o Brasil, da creche à Educação de Jovens e Adultos (EJA). O programa contribuiu para a saída do Brasil do Mapa da Fome da ONU, garantindo segurança alimentar para milhões de alunos.
Apesar dos avanços, o PNAE enfrenta desafios, como a necessidade de reajustes regulares no orçamento e a complementação de recursos por parte de estados e municípios. A falta de estrutura, a resistência de alguns setores e a inflação dos alimentos também são obstáculos a serem superados.
Para especialistas, a alimentação escolar deve ser vista como um programa pedagógico de promoção à saúde, que contribui para a formação de hábitos saudáveis e a melhoria do ensino-aprendizagem. Embora o PNAE seja uma referência mundial, ainda há muito a ser feito para garantir que todos os estudantes tenham acesso a uma alimentação de qualidade.
Fonte: agenciabrasil.ebc.com.br


