Uma pesquisa inovadora desenvolvida por cientistas brasileiros aponta que a cera de ouvido pode ser uma ferramenta promissora para detectar o câncer em seus estágios iniciais. O estudo, resultado de uma colaboração entre a Universidade Federal de Goiás (UFG) e o Hospital Amaral Carvalho, em Jaú, São Paulo, revela o potencial transformador dessa substância aparentemente banal no diagnóstico da doença.
A equipe de pesquisa ressalta que a cera acumulada no ouvido contém informações valiosas sobre a saúde do indivíduo. Segundo especialistas, ela funciona como um “tesouro” por sua proteção contra elementos externos e facilidade de coleta. Em laboratório, a análise da cera permite identificar alterações químicas que podem indicar o desenvolvimento de enfermidades.
De acordo com o coordenador do estudo, a composição da cera varia dependendo da condição do organismo. “Se o corpo está saudável, a composição é uma. Se há uma alteração que possa indicar alguma doença, essa composição muda. Hoje, a cera é como uma impressão digital da nossa saúde”, explicou o professor da UFG.
A pesquisa, iniciada há uma década, inicialmente demonstrou a capacidade de detectar doenças como diabetes e câncer. Na fase mais recente, os cientistas descobriram que o método pode diagnosticar alterações antes mesmo do surgimento do tumor, representando um avanço significativo no tratamento e na redução do sofrimento dos pacientes.
Durante o estudo, foram coletadas amostras de cera de ouvido de 751 voluntários. Desses, 220 não possuíam diagnóstico prévio. Em cinco casos, a análise identificou substâncias atípicas que, posteriormente, foram confirmadas como câncer por meio de exames convencionais. Nos outros 531 participantes, já em tratamento oncológico, a técnica conseguiu detectar a doença em todos os casos.
Um dos participantes foi José Luiz Spigolon, que havia superado um câncer de próstata. Em 2019, ele participou do estudo e a análise da cera identificou a presença de outro tumor na região pélvica, confirmado por exames de imagem. Após o tratamento, novos testes apontaram a remissão da doença. “Quanto antes a descoberta, maior é a possibilidade de cura total”, enfatizou.
A equipe de pesquisa aguarda agora os trâmites de regulamentação para que a descoberta possa ser utilizada na prática médica. A expectativa é que, no futuro, o exame com cera de ouvido seja incorporado como mais um aliado no diagnóstico precoce do câncer, uma das principais causas de morte no Brasil e no mundo.
Fonte: bandnewstv.uol.com.br


