Dez mulheres negras que se candidataram a cargos políticos em 2024, mas não foram eleitas, compartilham suas experiências em um novo livro. A obra, intitulada “Rosas da Resistência: trajetórias e aprendizados de mulheres negras não eleitas,” reúne os relatos de Andreia de Lima, Ayra Dias, Bárbara Bombom, Camila Moradia, Dani Nunes, Débora Amorim, Flávia Hellen, Joelma Andrade, Lana Larrá e Mayara Batista.
As candidatas expõem o que funcionou em suas campanhas, as dificuldades enfrentadas junto aos partidos políticos e os desafios financeiros, já que muitas tiveram que recorrer a recursos próprios. O livro, lançado pelo Instituto Marielle Franco e Fundação Rosa Luxemburgo, destaca a forte conexão dessas mulheres com suas comunidades e territórios, onde atuam como lideranças locais reconhecidas.
Segundo Dandara de Paula, gerente de programas do Instituto Marielle Franco, essa ligação histórica com seus territórios permitiu que elas desenvolvessem pautas e projetos que realmente atendessem às necessidades da população que representavam. Após as eleições, essa mesma comunidade as acolheu, demonstrando o forte vínculo existente.
Um ponto em comum entre as candidatas foi a dificuldade em obter apoio dos partidos políticos e acessar o fundo eleitoral, principal fonte de receita para as campanhas após a proibição de doações de empresas. Muitas enfrentaram atrasos no recebimento de recursos ou divergências internas, dificultando suas campanhas.
Um relatório de 2024 revelou que mulheres negras enfrentam mais barreiras para alcançar cargos políticos. De quase 80 mil candidatas, apenas 7,19% foram eleitas, demonstrando uma disparidade significativa em comparação com candidatas brancas.
Apesar de representarem a maior parte da população brasileira (aproximadamente 60 milhões) e da população economicamente ativa, as mulheres negras ainda enfrentam desigualdades salariais e ocupam menos cargos de poder.
Após as eleições, as dez mulheres que participam do livro receberam apoio financeiro do Instituto Marielle Franco, um recurso essencial para a recuperação financeira pós-campanha. Todas aderiram à agenda Marielle Franco, um conjunto de práticas e compromissos políticos antirracistas e feministas. O lançamento do livro ocorre em meio às ações da Marcha Mundial das Mulheres Negras.
Fonte: agenciabrasil.ebc.com.br


