Carlos Roberto Ferreira Lopes, presidente da Confederação Nacional de Agricultores Familiares (Conafer), foi detido na madrugada desta quarta-feira após prestar depoimento por mais de nove horas na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que investiga irregularidades nos descontos de beneficiários do Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS). A prisão foi motivada por acusações de falso testemunho.
Entretanto, a assessoria de imprensa do Senado informou que Lopes foi liberado ainda na mesma madrugada, por volta das 4h, após o pagamento de uma fiança de R$ 5 mil.
Lopes, convocado à CPMI na condição de testemunha, negou participação em fraudes nos descontos dos associados da Conafer. Ele se colocou à disposição da Comissão para prestar esclarecimentos adicionais e entregar documentos. “Tanto eu, quanto a confederação, nos colocamos à total disposição, integralmente, para entrega de documentos e prestação de esclarecimentos assim que requerido”, declarou antes da detenção.
O presidente da CPMI, senador Carlos Viana, justificou o pedido de prisão alegando que o presidente da Conafer omitiu informações e apresentou contradições ao abordar o aumento da arrecadação da Conafer, seu ganho patrimonial e seus sócios. Segundo o senador, Lopes “mentiu deliberadamente à CPMI” e “tentou de todas as maneiras nos convencer de que se tratava de uma operação perfeitamente legal e correta. Não é. Nós sabemos muito bem que isso é lavagem de dinheiro, dinheiro dos aposentados”.
Investigações da Polícia Federal apontam que a Conafer está entre as entidades com maior volume de descontos nas mensalidades de aposentados. A arrecadação da entidade teria crescido de R$ 6,6 milhões para mais de R$ 40 milhões anuais entre 2019 e 2024.
A reportagem buscou contato com a defesa de Carlos Lopes e solicitou informações à assessoria da Conafer, mas não obteve retorno até o momento.
Esta é a segunda prisão ocorrida no âmbito da CPMI do INSS. Anteriormente, o empresário Rubens Oliveira Costa também foi detido sob acusação de mentir à Comissão, sendo liberado horas depois. Costa é apontado como sócio de Antônio Carlos Antunes, conhecido como Careca do INSS, investigado por suposto envolvimento em um esquema de corrupção. Ele nega as acusações, afirmando que apenas prestou serviços legais às associações.
Fonte: agenciabrasil.ebc.com.br
