O encontro entre o secretário de Estado americano, Marco Rubio, e o chanceler brasileiro, Mauro Vieira, teve como foco central o impacto das tarifas impostas pelos Estados Unidos às importações brasileiras. A reunião é vista como um importante passo na retomada das relações bilaterais, que ganhou novo impulso após uma breve conversa entre os presidentes Lula e Trump durante a Assembleia-Geral da ONU no mês anterior.
Após a reunião em Washington, Rubio descreveu o encontro com o chanceler brasileiro como “muito positivo” em uma nota divulgada.
A ausência dos ministros da Fazenda dos dois países, Fernando Haddad e Scott Bessent, não diminuiu a importância do diálogo, de acordo com o ex-ministro da Fazenda e ex-presidente do Banco Central, Henrique Meirelles. Para ele, a reunião representa “uma abertura de diálogo entre o Brasil e os Estados Unidos”. Ele destacou a importância de deixar de lado questões políticas para focar nas relações comerciais.
O governo brasileiro encarou o encontro com cautela, visando a reconstrução de pontes após as tarifas e sanções impostas por Washington. A preparação envolveu alinhamento interno e consultas com o Planalto para evitar possíveis ruídos. A escolha de Rubio para conduzir as negociações demonstra o interesse da Casa Branca em tratar o tema em alto nível, sem, no entanto, ceder em suas posições.
Meirelles ressaltou que a superação de questões ideológicas foi crucial para o avanço das discussões comerciais. Ele mencionou que a abertura formal de diálogo entre os poderes executivos dos dois países, após a conversa entre Lula e Trump, foi fundamental para tratar as questões comerciais de forma direta.
Apesar das tarifas, o Brasil registrou um superávit de US$ 2,99 bilhões em setembro, com exportações totalizando US$ 30,5 bilhões, um aumento de 7,2% em relação ao mesmo período de 2024. Segundo Meirelles, a resiliência das exportações brasileiras se deve à facilidade de redirecionar commodities, como soja, para outros mercados, como a China, atenuando os impactos das tarifas americanas. Ele conclui que o Brasil não deve sofrer grandes perdas nas exportações, pois os produtos podem ser direcionados para outras áreas.
Fonte: bandnewstv.uol.com.br


