Um sociólogo da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj) defende a criação de grupos de trabalho para acompanhar o percurso de ex-alunos que ingressaram na instituição por meio de políticas de ação afirmativa. Segundo o pesquisador, essa medida é fundamental para avaliar a efetividade da política de cotas e identificar seus impactos a longo prazo.
O acompanhamento das trajetórias dos ex-cotistas, segundo o especialista, permite verificar se a política de cotas está cumprindo seu papel de reduzir as desigualdades no mercado de trabalho. Para ele, se as cotas não gerarem resultados significativos fora do ambiente acadêmico, isso indica uma falha na política pública.
A Uerj foi pioneira na adoção de cotas no Brasil, em 2003. Após duas décadas, o pesquisador defende a atualização da legislação estadual para o ingresso na pós-graduação. Atualmente, a Uerj combina critérios de autodeclaração racial (preto ou pardo) e socioeconômicos, limitando o acesso a candidatos com renda familiar bruta per capita de até R$ 2.277. Esse valor é considerado baixo, especialmente para as cotas sociais e raciais na pós-graduação.
Segundo o sociólogo, estudantes carentes raramente alcançam o mestrado ou doutorado, e a obtenção de uma bolsa de estudos pode desqualificá-los como carentes. Assim, ele acredita que as cotas na pós-graduação da Uerj não têm funcionado adequadamente.
Dados revelam a baixa representatividade de pessoas pretas e pardas na pós-graduação brasileira. Pessoas pretas representam apenas 4,1% dos mestres e 3,4% dos doutores, enquanto pessoas pardas somam 16,7% e 14,9%, respectivamente. A Lei 8.121, de 2018, que estabelece a política de ações afirmativas na Uerj e o critério socioeconômico, só será revisada em 2028. Até lá, o pesquisador sugere que as universidades utilizem sua autonomia para flexibilizar as restrições nos editais de ingresso.
Fonte: agenciabrasil.ebc.com.br


